Portugal é um país antigo e repleto de ricas tradições centenárias. Todas encerram um simbolismo profundo, seja religioso ou meramente social. As festas populares e romarias são momentos emocionantes – quer para quem participa, quer para quem assiste. Das muitas tradições portuguesas, destacamos as festas populares, as romarias e o artesanato.
Tradições
Nas festas dos Santos Populares, realizadas em Junho – Santo António, São Pedro e São João – as ruas enchem-se de alegria e partilham-se danças e iguarias populares.
Os portugueses de todo o país e turistas de todo o mundo festejam os Santos Populares, mas em Lisboa, o tradicional Santo António é uma grande festa celebrada na semana do 13 de Junho e que junta milhares de pessoas na rua para assistir às marchas populares, típicas desta altura. Durante estes festejos é tradição enfeitar as casas com manjericos, comer sardinhas assadas e broa. Nesta altura acontecem também os casamentos de Santo António – momento em que vários casais celebram matrimónio em conjunto – pois este santo é considerado o santo casamenteiro.
Tal como em Lisboa, também no Porto e em Braga o São João reúne milhares de pessoas e pauta-se pela diversão, sendo o seu expoente máximo na noite de 23 para 24 de Junho. No Porto as pessoas concentram-se sobretudo na zona histórica e comem sardinhas assadas, broa e caldo verde.
Depois de jantar, a Avenida dos Aliados e a Ribeira recebem milhares de foliões para assistir ao fogo-de-artifício. Também é tradição nesta altura toda a gente andar munida de martelos de plástico ou alho porro e bater (gentilmente) nas cabeças de quem passa. Para além do martelo, também é tradição lançar balões de ar quente de papel que vão colorir a noite portuense.
O dia de S. Martinho, a 11 de Novembro é festejado por todo o país com castanhas assadas e vinho novo, mas é na Golegã que a festa atrai milhares de pessoas com a famosa festa do cavalo. Aqui se apresentam todos os criadores, com os seus belos exemplares equinos, razão pela qual se transaccionam na Golegã os melhores puro-sangue criados no País, que são vendidos para vários pontos do globo.
A Golegã há muito que passou a ser a Capital do Cavalo. Rallies, Raids, Jogos Equestres, Campeonatos, Maratona de Carruagens e Exibições, são alguns dos mais belos espectáculos que na Golegã atraem milhares de visitantes.
As Romarias são festividades religiosas que se celebram em honra dos santos em várias regiões de Portugal. Assistir às procissões é uma experiência inesquecível quer pelos trajes, música, decorações florais, quer pelo simbolismo das figuras religiosas. Depois de cumpridos os rituais religiosos, comemora-se com emoção e alegria, em festas populares com familiares e amigos, cantando e dançando ao ar livre.
Uma das mais antigas romarias portuguesas é a Festa dos Tabuleiros que se realiza em Tomar, no centro do país. É uma procissão de homenagem às colheitas, repleta de cor, brilho e emoção e que percorre as principais ruas da cidade, por entre colchas coloridas nas janelas, milhares de visitantes nas ruas e uma chuva de pétalas que de forma entusiástica é lançada sobre o Cortejo. Os tabuleiros são ofertas de pão, por isso o alimento fica à vista e a ornamentação com flores de papel e verdura é deslumbrante, pela riqueza e diversidade de motivos.
Também as romarias ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima fazem parte das tradições portuguesas e movem multidões. As principais datas são sem dúvida o dia 13 de Maio, que celebra a primeira aparição de Nossa Senhora a três pastorinhos, na localidade de Fátima em 1917; a outra data relevante é a do dia 13 de outubro que marca a última aparição de Nossa Senhora e em que terá pedido que fosse construída uma capela em sua honra.
O artesanato é outra das tradições portuguesas que encanta quem nos visita. Sobretudo a partir do século XVII, o artesanato foi ganhando relevância a nível nacional com destaque em áreas como a cerâmica, a tapeçaria, os bordados e a joalharia, entre outros.
Na cerâmica, o Galo de Barcelos é a peça mais famosa. Este galo é tipicamente feito em barro e, apesar de ter origem e maior afirmação no norte do país, já é um emblema a nível nacional e internacional.
Também o azulejo pintado é uma das tradições portuguesas mais antigas, com origens árabes – a sua produção tem mais de cinco séculos de história. Podemos ver exemplos magníficos deste tipo de cerâmica sobretudo em igrejas, estações antigas de comboios e em muitas casas.
A tradição portuguesa em tapeçaria surgiu no século XVIII, retratando-se temas como os feitos dos portugueses, a religião e outros. Os mais conhecidos a nível mundial são sem dúvida os tapetes de Arraiolos, Alentejo. Estes tapetes caracterizam-se por serem bordados em lã sobre uma tela em linho ou algodão com ponto de Arraiolos, único no mundo.
Outra forma de artesanato muito típica que faz parte das tradições portuguesas é sem dúvida a renda. A mais conhecida em Portugal é a renda de bilros de Vila do Conde e de Peniche. Este género é muito característico das zonas costeiras de Portugal e exige muito trabalho, dedicação e paciência.
As saias típicas da Nazaré, no centro de Portugal, com as mulheres da vila piscatória a usarem 7 saias sobrepostas e um avental bordado, são um atractivo para quem visita esta encantadora praia. Já os lenços dos namorados, mais característicos do norte do país, são lenços bordados que serviam originalmente como adereço mas também para conquistar o namorado.
Finalmente, outra das áreas com destaque no artesanato português é a joalharia, e em particular a filigrana. Esta é a arte manual de trabalhar sobretudo o ouro e a prata, exigindo aos seus artesãos muita dedicação; os maiores centros de produção nacional são Gondomar, no Porto, e Póvoa de Lanhoso, em Braga.
Entre outras peças de filigrana portuguesa, podemos encontrar os corações de Viana do Castelo, os crucifixos e os brincos. Estas peças servem como elemento decorativo para enriquecer os trajes tradicionais em festas populares, sobretudo no norte do país.